12.8.10

dissimulamor.

que essa felicidade
é uma coisa do coração,
eu já sei, sempre soube.
porque o coração
não é bom em enganar a gente:
quando sente, aflora
num furacão ou numa canção.
mas aflora e não há como
parecer vazio.

se o coração está repleto,
então a vida está acesa,
como luzes no Natal,
esperando caírem presentes
do céu escuro.

a alma sorri multi-colorida,
ora piscando, ora intensa.

e faz-se festa
(e nem toda festa é boa,
mas é sempre festa)
na bagunça dos pensamentos
e da vida.

daí vem essa estrela de seis pontas
estampada no rosto
estampando nos outros.
hoje é riso, mas já foi choro.

ah coração, até parece
que nunca fomos infelizes.
até parece que nossa árvore
sempre esteve cheia de dádivas.
até parece que essas luzes,
esses sóis, essas cores
são a rotina do peito.

mas o que que tem?
se hoje é festa,
acenda essas lâmpadas chinesas
e espante os dragões daqui.

traga esse furacão,
mude o tom dessa canção
e sorri em mim:

porque hoje eu quero ser
o norte dessa constelação.
e se você me vir à noite,
resplandecer na madrugada,

saiba que eu estou feliz.
não me venha falar de amor,
não me venha falar de lágrimas,
não me venha falar de passado.

saiba que eu estou feliz
e basta.