30.3.08

então, pule.

Então, pule.
Este degrau, esta fase e esta idade.

Então, pule.
Este medo, este desejo e esta saudade.

Então, pule.
Esta pedra, esta culpa e esta vontade.

Então, pule.
Este capítulo, esta conversa e esta metade.

Então, pule.
Este momento, este passado e esta verdade.

Então, pule.
Deste abismo, desta vida.

Deste mundo.

29.3.08

postagem-sem-título.

Vou caçar baleias para suprir a sua falta.

28.3.08

pela janela.

Uma pomba cagou no pára-peito da minha janela.
Nem por isso o sol nascente está mais feio.

27.3.08

convexo.

Nada dura mais que o tempo.
Nada é mais forte que o vento.

O mundo nunca pára
Pra nos ver.

Mudar.

26.3.08

miniaturas.

Guardo na gaveta resto de papéis picados, destes que antes continham segredos da mente e palavras da alma. Eu escondo com medo que alguém os resgate e, com muita coragem e afeto, cole pedacinho por pedacinho até descobrir que aqui dentro não resta nada. Papéis em branco não são tão mudos como parecem ser.

protos post.

A primeira é sempre a mais difícil. A primeira é sempre incerta, misteriosa e tensa.
Essa foi a minha primeira vez. Vou tomar um ar agora.

25.3.08

concreta poesia.

Abriu o sinal e viram as pessoas
que, para despedidas, não tinham tempo.
- Adeus. solto pela fumaça, pode-se escutar.
Passou o caminhão e seu extenso corpo:
a noiva daquela noite.
- Até mais. do outro lado, respondeu alguém.
Ainda havia um resto de vestido passando,
quando a cessou a neblina.
Mas não havia carros, sombras apenas.
Vultos. sons. penumbras.
Fecha o sinal.

24.3.08

não quero conversar.

não vou quero palavras velhas:
guarde-as pra você.

dê-me apenas o que há de novo
e bastará para eu entender -
nós não mudamos.

nada muda nunca.
essa rotina me definha.

não há o que discutir:
sua ignorância não vai
muito mais longe que isso.

mas agora apresse-se,
pegue seu casaco.

já acabei.
acabou
seu tempo.

23.3.08

páscoa?

Abril ainda nem deu as caras nos nossos calendários e todo mundo já está trocando chocolates. Hoje, estavam todos preocupados em decidir o almoço de Páscoa que nem se lembraram do Dia Internacional da Água - tá, em outra ocasião muita gente não se lembraria mesmo, mas custava veicular na televisão uma propaganda sobre a importância da água até pra fazer... ovos de chocolate? Só que, ao invés disso, só se ouve falar em chocolate, coelhos, chocolate, coelhos e chocolate. De qualquer forma, não estou aqui pra falar nem do Dia da Água e nem pra criticar a Páscoa, mas para falar dos tão famosos ovos de chocolate.
Hoje, eu fui até o shopping comprar o meu ovo e, como o esperado, os supermercados tinham apenas aqueles exemplares de final de estoque, dos quais você nem conhece a marca. Não me rendendo a tais, decidi andar pelo shopping em busca do "ovo perfeito" até chegar a um standart do "Amor aos pedaços". Feliz pelos ovos que ainda restavam, fiz minha escolha por um trufado - segue abaixo o diálogo com a moça do caixa na hora de pagar:

- Moça, eu quero o ***, quanto custa?
- O ***? 63 reais.
- Ah. 63 REAIS? Obrigado, não vou levar.

Espera aí! Gastar uns quarenta reais com ovo de Páscoa já é loucura, mas 63 reais é uma penca de dinheiro que não vale a pena pagar num monte de chocolate derretido e moldado com recheio de avelãs - é, eu sei, é tentador, mas eu não ia pagar - isso por que o ovo era número 15!
Frustrado, fui parar em uma outra loja de chocolates, a "Cacau Show". Tinha uma prateleira inteira de ovos de trufa avaliados em menos da metade do valor do ovo da loja concorrente. Comprei, mas ao chegar em casa tive a primeira decepção: o ovo era de chocolate ao leite e não era recheado. Perguntei-me então: Por que ovo de trufa? E tive a segunda frustração: por que vinham 4 míseras trufas-mini dentro da iguaria.
E depois de tantas experiências frustradas com os ovos, o que eu menos desejo no momento é olhar para um bombom. Vocês já perceberam que os ovos de Páscoa são as porções de chocolate que mais demoram para acabar? Você pode ficar verde de comer, mas o chocolate continua bonitão em cima da mesa, parece até que é mutante e se multiplica quando você vai dormir - deve ser praga do tal coelho. Bem que eu nunca confiei nele.
Até semana que vem, na academia, malhando o chocolate comido.

6.3.08

e depois de tanto tempo...

... crianças continuam sendo fantásticas, vai ver é por isso que irritam tanta gente. Já parou pra perceber que, não importa o momento, elas riem da sua cara se seu cabelo estiver estranho? Ou gritam que querem fazer 'cocô' pra quem quiser ouvir até alguém as levar para fazer o treco?
Sem contar que mentem quase o tempo todo e de uma forma que, mesmo a história sendo absurda, nós quase acreditamos. Eu já fui uma dessas crianças que conseguem mentir até na hora de dizer o que comeram na escola. Não dá pra entender, mas quando se é criança, mentir é tão gostoso - num comparativo, deve ser como fim-de-semana para estudantes -, contar uma mentira é sair da realidade e entrar num mundo que é só seu, e pode ter certeza que cada criancinha tem seu próprio com direito a monstros, ETs, amigos imaginários, princesas, castelos, dragões, super-heróis e, claro, o dia do brinquedo.
Sim, o dia do brinquedo é outro motivo irritante. Tá, tudo bem, são crianças e precisam do contato com jogos, mas por que só elas têm direito que perder uma sexta-feira inteira brincando ao invés de ter aulas ou fazer outra qualquer coisa? Não, eu não quero um dia do brinquedo, mas podia existir, para cada faixa etária, algo semelhante. Imagine só: para as crianças-crescidas (vulgas pré-adolescentes) um dia sem aula basta para ficarem felizes, mas aos adolescentes, um dia sem aula mais uma boa excurção para a praia não caía mal. Já para os adultos, sabe aqueles que trabalham e não têm tempo para nada? De certo, adorariam passar um dia em casa, pra dormir até tarde e depois, quando o sol está apino no céu, fazer aquele churrasco que a vizinhança inteira fica com uma vontade tremenda de participar.
Dentre todos os motivos, o mais irritante é o fato de, apesar de não fazerem nada, de não pagarem contas, de não terem obrigações e nem terem que cumprir horários, elas conseguem reclamar quando algo não está de acordo com elas e, milagrosamente, todos - sim, todos - caem aos seus pés para lhe fazer as regalias e comprar isso e aquilo - mesmo que o 'isso e o aquilo' seja aquele miserável ponei da loja de brinquedos que custa a bagatela de 2 mil reais e não faz nada de útil.
Crianças, sempre elas.