eu só quero não sofrer,
por mais que a lógica
humana ache isso uma
tremenda idiotice.
estou decidido:
não vou sorver o fel,
não vou cutucar a ferida.
deixo como está e espero.
porque a dor sempre passa,
o dia sempre termina.
o sofrer é apenas o lapso
crônico da descrença.
e a crença me persegue,
espanta o meu sono.
troca os meus passos.
não sofro hoje. e nunca mais.
deixo o buraco cavado até a metade.
mas não deixo que o rio flua,
estanco os sentimentos com minhas
barreiras de sentido.
não sofro.
porque sofrer me dilacera
e eu cansei de estar partido.
28.4.09
26.4.09
(des)romântico
ontem, eu acordei
de um sonho bom
pra descobrir:
a minha alma foi
ferida por tudo
que me fez sorrir.
de um sonho bom
pra descobrir:
a minha alma foi
ferida por tudo
que me fez sorrir.
15.4.09
sombra de lira.
amor é o avesso.
voz que me cala,
quando não há silêncio em mim.
amor é desejo, é latente, é o que resta.
vida após a morte da esperança.
amor é conhecimento.
entender o dialeto sem minúcias,
apenas o traço torto da pena do mundo.
amor é enigma.
há resposta, sempre controversa.
amor é penumbra.
cores que se repetem
no fundo escuro do espelho.
amor é o elixir que transborda do cálice.
se Tristão e Isolda não beberam,
nós bebemos e bailamos
embriagados a valsa de cada dia.
amor é martírio, é causa-efeito.
cria herói juntando trapos de coração.
amor é deleite, é de sonho.
é a brecha entre o olhar e o não-ver.
amor é troca, é doação, é refúgio.
esquecer um pouco de si
e acreditar um pouco mais na beleza
da espera quieta.
amor é a sombra de lira.
não faz música... inspira.
voz que me cala,
quando não há silêncio em mim.
amor é desejo, é latente, é o que resta.
vida após a morte da esperança.
amor é conhecimento.
entender o dialeto sem minúcias,
apenas o traço torto da pena do mundo.
amor é enigma.
há resposta, sempre controversa.
amor é penumbra.
cores que se repetem
no fundo escuro do espelho.
amor é o elixir que transborda do cálice.
se Tristão e Isolda não beberam,
nós bebemos e bailamos
embriagados a valsa de cada dia.
amor é martírio, é causa-efeito.
cria herói juntando trapos de coração.
amor é deleite, é de sonho.
é a brecha entre o olhar e o não-ver.
amor é troca, é doação, é refúgio.
esquecer um pouco de si
e acreditar um pouco mais na beleza
da espera quieta.
amor é a sombra de lira.
não faz música... inspira.
13.4.09
leve como palavras.
há tanta coisa para dizer,
que todas ficam sem sentido.
gasto muitas palavras para refletir,
e esqueço de deixá-las em cartas.
em cada vão de meio-sorrisos,
coloco-me aos pedaços:
saudoso e solitário.
procurando no longe dos olhos
a abertura de meu peito fechado.
tinjo o rio que perpetua o desejo
da cor de qualquer primeiro romance.
saudade é inevitável.
ainda mais quando estou longe,
tão longe aqui por perto.
sem o toque, afeto é mitologia.
e eu não acredito em deuses.
acredito em palavras e cores:
leves como tornados,
avassaladoras como sentimentos.
que todas ficam sem sentido.
gasto muitas palavras para refletir,
e esqueço de deixá-las em cartas.
em cada vão de meio-sorrisos,
coloco-me aos pedaços:
saudoso e solitário.
procurando no longe dos olhos
a abertura de meu peito fechado.
tinjo o rio que perpetua o desejo
da cor de qualquer primeiro romance.
saudade é inevitável.
ainda mais quando estou longe,
tão longe aqui por perto.
sem o toque, afeto é mitologia.
e eu não acredito em deuses.
acredito em palavras e cores:
leves como tornados,
avassaladoras como sentimentos.
12.4.09
11.4.09
nudez.
as palavras voam nuas e lépidas.
ao meu encontro.
ao seu encontro.
ao encontro da voz, do sentido.
nunca, do contexto.
palavras possuem seus
contextos próprios.
quando as dizem,
falam o que querem.
elas ressoam o que são.
nós precisamos de um contexto
para o próximo passo; pára passo.
segue o caminho dentro do eco
das verdades.
verdade é o único contexto que existe.
de asas esfaceladas, sem voo.
voando no teto inverso do universo.
quieta e desnuda por excelência.
só as mentiras não voam nuas.
nem lépidas.
mas voam.
e, inevitavelmente, ao meu encontro.
ao meu encontro.
ao seu encontro.
ao encontro da voz, do sentido.
nunca, do contexto.
palavras possuem seus
contextos próprios.
quando as dizem,
falam o que querem.
elas ressoam o que são.
nós precisamos de um contexto
para o próximo passo; pára passo.
segue o caminho dentro do eco
das verdades.
verdade é o único contexto que existe.
de asas esfaceladas, sem voo.
voando no teto inverso do universo.
quieta e desnuda por excelência.
só as mentiras não voam nuas.
nem lépidas.
mas voam.
e, inevitavelmente, ao meu encontro.
9.4.09
poema de seis faces e meia.
quando eu nasci, ninguém veio
pra decretar minha sina,
desenhar meus medos
ou rasbiscar minha vida.
sou gauche por conta e
nunca voei muito alto.
não rio das flechas que
vem em minha direção.
prefiro o solo, sou o
príncipe da contramão.
tudo que sinto é saudade
da minha terra longe,
velha terra de palmeiras.
sabiá não canta mais,
prefere o refúgio quieto
das noites de fogueira.
de manhã bem cedo,
há uma noite de clareira
em mim - escuridão.
eu vivo procurando o
amanhã e nasço em
cada verso vão.
mas escrevo porque
o instante existe
e a alegria está no vento.
não edifico, nem desmorono:
fujo do tormento.
e na fuga há sempre fingimento.
finjo ser esta dor pungente,
que no fundo da alma quieta
é a dor que me olha de frente.
agora, tanto faz: sou o que escrevo
e vivo do que sou - isso, só isso.
e, se há voo nas palavras, deixo
que assentem na minha caligrafia,
enquanto traduzo o que não vejo.
pra decretar minha sina,
desenhar meus medos
ou rasbiscar minha vida.
sou gauche por conta e
nunca voei muito alto.
não rio das flechas que
vem em minha direção.
prefiro o solo, sou o
príncipe da contramão.
tudo que sinto é saudade
da minha terra longe,
velha terra de palmeiras.
sabiá não canta mais,
prefere o refúgio quieto
das noites de fogueira.
de manhã bem cedo,
há uma noite de clareira
em mim - escuridão.
eu vivo procurando o
amanhã e nasço em
cada verso vão.
mas escrevo porque
o instante existe
e a alegria está no vento.
não edifico, nem desmorono:
fujo do tormento.
e na fuga há sempre fingimento.
finjo ser esta dor pungente,
que no fundo da alma quieta
é a dor que me olha de frente.
agora, tanto faz: sou o que escrevo
e vivo do que sou - isso, só isso.
e, se há voo nas palavras, deixo
que assentem na minha caligrafia,
enquanto traduzo o que não vejo.