Existem coisas que podemos explicar.
Existem outras que não precisam de explicação.
11.2.08
10.2.08
antes do embarque.
- Há tanta coisa pra falar, mas me falta tempo: meu voô partirá em vinte minutos. Eu tenho poucos créditos no celular e não quero comprar um cartão para usar num telefone-público. Você não pode me ligar, pois não sabe meu novo número, roubaram o meu outro celular. Droga, há tanto coisa pra falar, mas não tenho tempo pra dizê-las. Poderia começar agora, mas de certo não terminaria, são muitas coisas e você não as aceitaria sem contestar primeiro. Será que não há um outro jeito de fazer isso? Uma carta, quem sabe, mas você não me disse onde está morando.
- Olha, eu...
- Não! Não fale nada, não temos tempo pra perder com conversas tolas, há assuntos pendentes para serem resolvidos antes que eu embarque naquele avião rumo Pequin e suma da sua vida sem você nem notar.
- É que...
- Não! Não conteste nada, me escute, apenas. Eu preciso dizer o que, por tantos anos de namoro, eu não consegui. Droga, eu ensaiei um discurso tão bonito, só que não há tempo pra palavras bonitas, agora. No fundo, o negócio é o seguinte: depois de você, eu não consegui amar nenhuma outra mulher, só você domina meus sonhos e pensamentos. Meu amor, eu estou disposto a recomeçar, a mudar meus erros e tentar, de uma vez por todas, ser seu príncipe encantado. Você quer se casar comigo?
- M...
A ligação caiu, os créditos acabaram, ele embarcou rumo à China sem saber o que ela tentou responder pelo telefone e, depois de um tempo no novo país, ele resolveu esquecer esse passado e começar um novo romance.
Já faz uns anos que essa história aconteceu e, por todo esse tempo, eu guardei comigo a resposta que ele escutaria naquela tarde. Não, não era para eu ter escutado, mas narradores geralmente sabem mais do que devem, ouvem mais do que podem e vivem mais do que desejam. Foi por um tremendo acaso que, naquela tarde, eu resolvi contar a história desse jovem apaixonado.
Eu estava dando uma volta pelo aeroporto em busca de esposas chorando pelo marido que vai embora, crianças abraçando o pai, namorados dando um último beijo, quando eu vi Robson (sim, o meu protagonista) sentado no chão, ao lado de suas malas, com o celular no colo - achei estranho e me interessei pelo enredo. Ele abria e fechava o aparelho como se estivesse impaciente.
Se levantou, respirou fundo, olhou o relógio e percebeu que faltava pouco tempo para o embarque então, resolveu ligar. Digitou o número de cabeça e, ao passo que a outra pessoa atendeu, desatou a falar, falar e falar. Falou tanto que não conseguiu ouvir a resposta para a sua pergunta, mas chegou o momento da revelação. O que a moça do outro lado da linha disse foi:
- Mas o senhor ligou para o número errado.
- Olha, eu...
- Não! Não fale nada, não temos tempo pra perder com conversas tolas, há assuntos pendentes para serem resolvidos antes que eu embarque naquele avião rumo Pequin e suma da sua vida sem você nem notar.
- É que...
- Não! Não conteste nada, me escute, apenas. Eu preciso dizer o que, por tantos anos de namoro, eu não consegui. Droga, eu ensaiei um discurso tão bonito, só que não há tempo pra palavras bonitas, agora. No fundo, o negócio é o seguinte: depois de você, eu não consegui amar nenhuma outra mulher, só você domina meus sonhos e pensamentos. Meu amor, eu estou disposto a recomeçar, a mudar meus erros e tentar, de uma vez por todas, ser seu príncipe encantado. Você quer se casar comigo?
- M...
A ligação caiu, os créditos acabaram, ele embarcou rumo à China sem saber o que ela tentou responder pelo telefone e, depois de um tempo no novo país, ele resolveu esquecer esse passado e começar um novo romance.
Já faz uns anos que essa história aconteceu e, por todo esse tempo, eu guardei comigo a resposta que ele escutaria naquela tarde. Não, não era para eu ter escutado, mas narradores geralmente sabem mais do que devem, ouvem mais do que podem e vivem mais do que desejam. Foi por um tremendo acaso que, naquela tarde, eu resolvi contar a história desse jovem apaixonado.
Eu estava dando uma volta pelo aeroporto em busca de esposas chorando pelo marido que vai embora, crianças abraçando o pai, namorados dando um último beijo, quando eu vi Robson (sim, o meu protagonista) sentado no chão, ao lado de suas malas, com o celular no colo - achei estranho e me interessei pelo enredo. Ele abria e fechava o aparelho como se estivesse impaciente.
Se levantou, respirou fundo, olhou o relógio e percebeu que faltava pouco tempo para o embarque então, resolveu ligar. Digitou o número de cabeça e, ao passo que a outra pessoa atendeu, desatou a falar, falar e falar. Falou tanto que não conseguiu ouvir a resposta para a sua pergunta, mas chegou o momento da revelação. O que a moça do outro lado da linha disse foi:
- Mas o senhor ligou para o número errado.
8.2.08
e o ano começa segunda.
Reza a lenda dos feriados brasileiros que o ano só começa depois do carnaval, ainda mais quando o recesso prolongado cai no começo do mês de fevereiro - como aconteceu esse ano. Eu, como bom seguidor dos mais diversos feriados, aderi a crença nacional e só começarei a me dedicar à qualquer projeto, seja pessoal ou profissional, na segunda-feira.
É claro que a minha escola não perdeu tempo e começou as aulas no dia 29 de janeiro, tendo assim, uma semana de aula entre as férias e os dias de folia. Para completar, não nos deram folga nem ontem, nem hoje. Eu não queria, mas, por causa de forças maiores, acabei indo todos esses dias à escola - confesso que pouco aproveitei: eu não queria ter aula e os professores queriam ir embora para suas casas, ou seja, foram manhãs perdidas, nas quais eu podia estar dormindo, curtindo uns dias a mais de férias.
Mas se você pensar bem, o Brasil permanece em 'primeira marcha' entre o Ano Novo e o Carnaval, pois as pessoas não estão nem aí para o trabalho, apenas agendam as viagens para os dias festivos ou, em outros casos, nem se quer voltam para o escritório: decidem ficar um tempo mais, curtindo a praia, a casa da mãe, o hotel ou seja lá onde estiverem. No fundo, é uma pequena parcela da população do nosso país que aproveita o carnaval para se lembrar dos momos e das porta-bandeiras, a maioria quer saber mesmo é de matar o serviço, a escola e os compromissos - tudo em prol da pouca vontade de ter que assistir aulas, assinar papéis e escutar o chefe reclamar.
Imagino que apenas os comerciantes saem ganhando nesse caos de feriados, pois enquanto as pessoas não vão trabalhar, se dedicam ao hobby mais cultivado ultimamente: comprar. E é numa dessa que os donos das lojas acabam faturando mais: seja vendendo fantasias, confetes, espuma ou vendendo roupas de grife em liquidação. Enquanto as escolas de samba se preparam para entrar na avenida, a gente se importa em comprar a peça de roupa com preço mais em conta, ou a fantasia mais legal (que vá deixar os outros morrendo de inveja).
E quando decidimos descansar já é domingo e, fatídicamente, na segunda-feira a rotina começará de novo. A velha rotina de trabalhar bolando planos para o próximo feriado prolongado. Benditos sejam os dias de folga.
É claro que a minha escola não perdeu tempo e começou as aulas no dia 29 de janeiro, tendo assim, uma semana de aula entre as férias e os dias de folia. Para completar, não nos deram folga nem ontem, nem hoje. Eu não queria, mas, por causa de forças maiores, acabei indo todos esses dias à escola - confesso que pouco aproveitei: eu não queria ter aula e os professores queriam ir embora para suas casas, ou seja, foram manhãs perdidas, nas quais eu podia estar dormindo, curtindo uns dias a mais de férias.
Mas se você pensar bem, o Brasil permanece em 'primeira marcha' entre o Ano Novo e o Carnaval, pois as pessoas não estão nem aí para o trabalho, apenas agendam as viagens para os dias festivos ou, em outros casos, nem se quer voltam para o escritório: decidem ficar um tempo mais, curtindo a praia, a casa da mãe, o hotel ou seja lá onde estiverem. No fundo, é uma pequena parcela da população do nosso país que aproveita o carnaval para se lembrar dos momos e das porta-bandeiras, a maioria quer saber mesmo é de matar o serviço, a escola e os compromissos - tudo em prol da pouca vontade de ter que assistir aulas, assinar papéis e escutar o chefe reclamar.
Imagino que apenas os comerciantes saem ganhando nesse caos de feriados, pois enquanto as pessoas não vão trabalhar, se dedicam ao hobby mais cultivado ultimamente: comprar. E é numa dessa que os donos das lojas acabam faturando mais: seja vendendo fantasias, confetes, espuma ou vendendo roupas de grife em liquidação. Enquanto as escolas de samba se preparam para entrar na avenida, a gente se importa em comprar a peça de roupa com preço mais em conta, ou a fantasia mais legal (que vá deixar os outros morrendo de inveja).
E quando decidimos descansar já é domingo e, fatídicamente, na segunda-feira a rotina começará de novo. A velha rotina de trabalhar bolando planos para o próximo feriado prolongado. Benditos sejam os dias de folga.