ontem nasceu uma estrela.
sem nenhum alarde: mas nasceu.
veio sublime fazer parte do
céu bordado das noites,
veio pulsar seu fogo sobre nós.
ontem nasceu uma estrela.
um dia alguém a notará,
perceberá o seu desenho,
lhe dará um nome.
fará uma festa linda
à estrela que nasceu sozinha.
uma estrela sobre o círculo polar,
contemplando a solitária brancura
do pálido planeta azul.
e essa estrela ficará muda
frente a volta do sol,
a morte de suas vizinhas:
ninguém lhe ensinou sentimentar-se.
a estrela permanecerá estrela,
sem evoluir, sem guerra,
sem jurar pelo nome de santos.
vai ser estrela a estrelar o céu
com sua infeliz existência;
vai observar o correr de continentes,
o viajar de nuvens:
ninguém lhe ensinou bailar-se.
não vai entender de coisa alguma,
nem de política, nem do clima,
nem dos homens lá embaixo.
por que a estrela nasceu sozinha,
no meio de tanto acender de vidas,
pra ser a poesia dos trovadores
e o desencontro dos rômanticos.
vá, estrela bizantina,
vá compor o seu soneto:
mosaico do infinito.
15.11.09
9.11.09
mulher,
te amo.
pra você,
descomponho a gramática.
dane-se o formalismo!
te amo na segunda pessoa.
na terceira, na quarta,
na décima primeira pessoa.
te amo com essas letras,
sem assonância,
sem dissonância,
na poesia do estralhar
dos lábios: amor.
te amo simples.
te amo forte. e só.
te amo.
pra você,
descomponho a gramática.
dane-se o formalismo!
te amo na segunda pessoa.
na terceira, na quarta,
na décima primeira pessoa.
te amo com essas letras,
sem assonância,
sem dissonância,
na poesia do estralhar
dos lábios: amor.
te amo simples.
te amo forte. e só.
te amo.
4.11.09
avenida.
Os cabelos descadarçados,
Os cadarços desamarrados:
assim seguia.
Sem medo, como um itinerante,
Um nômade de sorrir vazio,
procurando no branco-cinza
de andorinhas da calçada
um refúgio.
Assim seguia.
Voz a sereiar canções
em tom de melancolia,
de sussurro vespertino
ao cair do mais bonito sol.
Sem medo, como um itinerante,
um canceioneiro cheio de impoesias,
chutava pedras e brilhava ao poente.
Assim seguia?
Quem segue, procura aonde ir.
Ele não tinha colo, sem apego,
sem afago, sem desejo.
Com certeza, apoético em
métrica ritmada:
sempre o mesmo balançar
de pernas e cair de olhos,
sem medo, como um itinerante.
Um viúvo de sorrisos? quem sabe.
Dos sorrisos dos outros há sempre fartura.
Sorrir caleja,
Sorrir em meio ao pó de esquinas.
Assim seguia!
E segue e sofre e pede e chora
e grita e ri esse menino-êxodo,
retirante em si mesmo,
agricultor de odes, colhedor de ódio,
catador de estrelas, de joãos e de marias.
O itinerante de cabelos descadarçados.
Os cadarços desamarrados:
assim seguia.
Sem medo, como um itinerante,
Um nômade de sorrir vazio,
procurando no branco-cinza
de andorinhas da calçada
um refúgio.
Assim seguia.
Voz a sereiar canções
em tom de melancolia,
de sussurro vespertino
ao cair do mais bonito sol.
Sem medo, como um itinerante,
um canceioneiro cheio de impoesias,
chutava pedras e brilhava ao poente.
Assim seguia?
Quem segue, procura aonde ir.
Ele não tinha colo, sem apego,
sem afago, sem desejo.
Com certeza, apoético em
métrica ritmada:
sempre o mesmo balançar
de pernas e cair de olhos,
sem medo, como um itinerante.
Um viúvo de sorrisos? quem sabe.
Dos sorrisos dos outros há sempre fartura.
Sorrir caleja,
Sorrir em meio ao pó de esquinas.
Assim seguia!
E segue e sofre e pede e chora
e grita e ri esse menino-êxodo,
retirante em si mesmo,
agricultor de odes, colhedor de ódio,
catador de estrelas, de joãos e de marias.
O itinerante de cabelos descadarçados.