4.11.09

avenida.

Os cabelos descadarçados,
Os cadarços desamarrados:

assim seguia.

Sem medo, como um itinerante,
Um nômade de sorrir vazio,
procurando no branco-cinza
de andorinhas da calçada
um refúgio.

Assim seguia.

Voz a sereiar canções
em tom de melancolia,
de sussurro vespertino
ao cair do mais bonito sol.
Sem medo, como um itinerante,
um canceioneiro cheio de impoesias,
chutava pedras e brilhava ao poente.

Assim seguia?

Quem segue, procura aonde ir.
Ele não tinha colo, sem apego,
sem afago, sem desejo.
Com certeza, apoético em
métrica ritmada:
sempre o mesmo balançar
de pernas e cair de olhos,
sem medo, como um itinerante.
Um viúvo de sorrisos? quem sabe.
Dos sorrisos dos outros há sempre fartura.
Sorrir caleja,
Sorrir em meio ao pó de esquinas.

Assim seguia!

E segue e sofre e pede e chora
e grita e ri esse menino-êxodo,
retirante em si mesmo,
agricultor de odes, colhedor de ódio,
catador de estrelas, de joãos e de marias.
O itinerante de cabelos descadarçados.

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