ontem nasceu uma estrela.
sem nenhum alarde: mas nasceu.
veio sublime fazer parte do
céu bordado das noites,
veio pulsar seu fogo sobre nós.
ontem nasceu uma estrela.
um dia alguém a notará,
perceberá o seu desenho,
lhe dará um nome.
fará uma festa linda
à estrela que nasceu sozinha.
uma estrela sobre o círculo polar,
contemplando a solitária brancura
do pálido planeta azul.
e essa estrela ficará muda
frente a volta do sol,
a morte de suas vizinhas:
ninguém lhe ensinou sentimentar-se.
a estrela permanecerá estrela,
sem evoluir, sem guerra,
sem jurar pelo nome de santos.
vai ser estrela a estrelar o céu
com sua infeliz existência;
vai observar o correr de continentes,
o viajar de nuvens:
ninguém lhe ensinou bailar-se.
não vai entender de coisa alguma,
nem de política, nem do clima,
nem dos homens lá embaixo.
por que a estrela nasceu sozinha,
no meio de tanto acender de vidas,
pra ser a poesia dos trovadores
e o desencontro dos rômanticos.
vá, estrela bizantina,
vá compor o seu soneto:
mosaico do infinito.
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