abri um dicionário para
desvendar o mundo.
engraçado que descobri
saber um monte de tudo
sobre um monte de vazio,
de léxicos que só fazem
sentido em voz de gente
que não quer saber do mundo,
mas dedica-se ao passo
incerto de viver.
então, morar nas capas
de um dicionário,
nos volumes da Barsa,
nada importa.
morar na sala escura de
um quarto pequeno
na beira da universidade,
também não importa.
a caneta cheia de um
negro líquido de rancor
rasgando a inocência
do papel com suas palavras
silenciosassss e vaziassss,
não importa.
nada importa depois
que o tempo apaga,
que a lágrima borra,
que o sentimento vai.
importam só os verbetes
ressoando na voz doce
e grave e forte e mansa
e ecoante de uma garganta
rompendo o silêncio de
uma aula de gramática:
- professora, o que é vida?
e o dicionário é tão mudo
como uma madrugada embriagada.
2 comentários:
Vc é foda!
gostei pra carai
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