achei ontem que estaria morto,
que me descobriria plácido
mergulhado numa calmaria:
branca e pluma.
como seria deitar sobre a nuvem
mais imensa de todo o céu?
será que resistiria ao canto da terra,
ao corpo de chumbo que me prende,
que me encerra no erro?
será mesmo que o erro,
o que chamamos erro, é errado?
se devo sentir? já não sei.
se devo partir? quem me dera.
se devo sorrir? o que me resta.
achei que hoje acordaria,
mas permaneço em mim.
se devo sorrir? o que me resta.
o que completa minha permanência,
doce canção.
um dia todo vagão entra nos trilhos,
e os trilhos entram na partida.
as árvores acenam, os braços,
os bancos, a cidade acenam.
eu já parti muitas vezes,
cada estação me reserva outra,
por hora chego à calma
névoa do enfim.
olho a existência,
lembro dos segredo do mundo.
lembro como poderia ser melhor.
por vezes eu me prendo ao
corpo de chumbo e fico.
de olhos e alma fechados
não lembro de nada,
e me entrego, me rendo,
sorrio,
esqueço que um dia parti.
partirei tantas outras horas,
estarei morto e desacreditado
a maior parte da existência.
mas o corpo me faz sentir vivo,
e eu sofro o deleite de ser.
achei que ontem estaria morto,
mas cruzo-lhe o caminho,
ainda permaneço, até quando?
resta perguntar aos anjos que
seguram os cantos do mundo.
se devo sorrir? o que me resta.
o que me ilude e faz desacreditar
na infelicidade.
se vai ferir minha essência?
já não sei mais, não custa tentar.
quando as árvores acenarem,
basta fechar os olhos,
sentir apenas o vento correr.
o vento não acena, ele chora
ao meu ouvido.
nunca partiu, meu amigo?
desconhece o que sinto.
preciso ir: seu nome?
prazer; o meu, Amor.
2 comentários:
Porra, foda isso.
Mesmo.
BRAVO
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