11.5.10

quando fechar a porta.

sinto que estou indo embora,
que muito em breve estarei longe,
tão longe quanto meus olhos
possam contar as léguas.

sinto que estou arrumando-me,
entrego os nós; tiro a poeira,
os sapatos e sinto:

sinto que estou indo embora.

me disseram
(em cada partida,
há um pouco de morte)

e a morte me aparece
de branco, irônica.
já não penso na morte
como deixar a vida,

penso na morte poética:
deixar lavar-se.

então, morro.
o que vem depois?
o epílogo.

serei feliz no epílogo?
serei o mesmo: mudando.

acho que estou partindo

e isso é um aviso,
uma placa amarela,
é um medo, é um medo,
um lembrete de alerta,
é a vida, é a vida:

um pouco menos de mim.

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