se meus olhos são os seus,
se meus traços são antigos,
se de outros me componho,
se meus cabelos voam ao
vento iguais aos desenhados
no retrato da parede,
dê-me os sonhos.
só os sonhos,
só as verdades,
os desvendados.
dê-me a vida sem mistério,
o amor sem desesperos:
se tudo se repete um dia,
que se repita a essência.
que as raízes me deem
uma seiva doce,
então não precisarei sulcar
meu tronco, nem lhe tirar anéis,
para beber de quem eu sou.
eu prefiro ultrapassar
a dor sem morrer um pouco,
sem estar completamente cego.
eu quero estar vivo,
como viva está a folha que me
nasce verde, cheia de esperança,
no alto do galho que me encerra.
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