12.2.10

raízes.

se meus olhos são os seus,
se meus traços são antigos,
se de outros me componho,
se meus cabelos voam ao
vento iguais aos desenhados
no retrato da parede,

dê-me os sonhos.

só os sonhos,
só as verdades,
os desvendados.

dê-me a vida sem mistério,
o amor sem desesperos:
se tudo se repete um dia,
que se repita a essência.

que as raízes me deem
uma seiva doce,
então não precisarei sulcar
meu tronco, nem lhe tirar anéis,
para beber de quem eu sou.

eu prefiro ultrapassar
a dor sem morrer um pouco,
sem estar completamente cego.

eu quero estar vivo,
como viva está a folha que me
nasce verde, cheia de esperança,
no alto do galho que me encerra.

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