5.9.08

eternamente sozinho.

vai-te e nunca mais me culpe
por um pecado não cometido:
nunca disse que amava-lhe,
enquanto meu sentimento
não era puro e verdadeiro.

vai-te e leve a certeza de que
as palavras um dia vão embora.
nos dias bonitos com sol, flores.
ou cheio de amigos e sorrisos.
palavras só servem para nos
fazer sentir o que não somos:

sentimentos.

sentimentos, ao contrário de
palavras, são para sempre.
eu, nunca amante de sentir,
sinto, agora, a falta de todo
amor existente no mundo.

ou de qualquer sentimento,
algo que me preencha e sirva
de desculpa para lágrimas frias.

quem dera, nós - humanos -,
feitos de palavras e sentimentos,
sermos eternos também.
se bem que a eternidade é muito
para ser gasta com erros singelos.

mas, agora, depois de tudo isso,
vai-te, já disse muita coisa.
bem mais do que queria.
bem mais do que devia.

não sou esse tipo de vidente,
pra revelar os seus segredos,
mas posso lhe contar os meus:
essas perguntas engasgadas,
aflitas e mal elaboradas,
nunca feitas para você.

mas, vai-te.
não tenho tanta vontade de
contar estrelas, enquanto
desenha o meu busto em
sua pele-eternidade.

ah, como a eternidade me
persegue! queria esquecer
que nosso amor supérfluo
não é eterno, nem bonito.

agora, vai-te e nunca mais
me condene pelo pecado
que nunca tramei.
nem pelas palavras,
nem pelos sentimentos.

nem pelo fim de nossa
eternidade.

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