ausência:
não tenho certeza se é assim
que se escreve.
certeza, porém, tenho que
é assim que se sente:
aos poucos, tomando um porre
de desilusões e pedindo
que o céu caia sobre nossa cabeça.
agora, sobra só o outro lado da cama,
vazio e gelado - esperando o seu corpo,
a sua calma, o seu cheiro.
esperando... então adormece sozinho
(assim como eu).
saudade, isso sim está comigo sempre.
preenchendo as falhas,
tapando buracos e buracos que
abro na alma enquanto chovo.
e chover é meu único ofício
desde que você foi embora.
ausência.
e o eco suspenso no ar,
quente, preso nos soluços
de minha solidão.
solidão é deixar a porta aberta,
a chave debaixo do tapete,
o portão encostado.
solidão é rezar todas as noites,
esperando que alguém chegue.
mas não chega, nunca.
então.
se você puder, venha me visitar
(aos domingos e podemos contar
segredos ao pé do ouvido).
se você puder, por favor, venha
esquentar o seu lado da cama e
me ajudar a circular classificados
de emprego no jornal.
se você puder.
porque eu,
sem você,
já não posso mais.
3 comentários:
"ausência.
e o eco suspenso no ar,
quente, preso nos soluços
de minha solidão."
essa e uma das suas melhores, Stefano.
seria estranho falar que entendo?
não, porque eu também entendo :)
...faz falta estar assim...muito bom...bjs Vanessa
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