19.2.09

ausência.

ausência:
não tenho certeza se é assim
que se escreve.

certeza, porém, tenho que
é assim que se sente:
aos poucos, tomando um porre
de desilusões e pedindo
que o céu caia sobre nossa cabeça.

agora, sobra só o outro lado da cama,
vazio e gelado - esperando o seu corpo,
a sua calma, o seu cheiro.
esperando... então adormece sozinho
(assim como eu).

saudade, isso sim está comigo sempre.
preenchendo as falhas,
tapando buracos e buracos que
abro na alma enquanto chovo.

e chover é meu único ofício
desde que você foi embora.

ausência.
e o eco suspenso no ar,
quente, preso nos soluços
de minha solidão.

solidão é deixar a porta aberta,
a chave debaixo do tapete,
o portão encostado.
solidão é rezar todas as noites,
esperando que alguém chegue.

mas não chega, nunca.

então.

se você puder, venha me visitar
(aos domingos e podemos contar
segredos ao pé do ouvido).

se você puder, por favor, venha
esquentar o seu lado da cama e
me ajudar a circular classificados
de emprego no jornal.

se você puder.
porque eu,
sem você,
já não posso mais.

3 comentários:

Veri. disse...

"ausência.
e o eco suspenso no ar,
quente, preso nos soluços
de minha solidão."

essa e uma das suas melhores, Stefano.

seria estranho falar que entendo?

Unknown disse...

não, porque eu também entendo :)

Anônimo disse...

...faz falta estar assim...muito bom...bjs Vanessa