25.8.09

memorialista.

a revolta é queimar páginas
e páginas de passado;
ver flamejar as odes da juventude
que se estendem em cinzas
de pouco valor sobre as madeiras
de sua velha fundação.
voam na brisa mansa da saudade
a sujar rostos e rotos.

rasga sua alma também e
joga no fogo e deixa queimar
e queimar o cubismo da história.
assim desfazer a arte,
que por toda parte retalha
olhares de poesia e penitência.

banha das cinzas o seu corpo
e faz de novo verso de outro.
poeta, se encontre no fogo
e rima seu futuro:
nascente hoje do eterno
e etéril velar das horas.

vai que o mundo lhe espera:
viver é seu lastimável dom.

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