10.3.09

sombra urbana.

essa urbanidade, que
ocupa os poros, os capilares
e faz-me suar petróleo,
pinta um aviso de perigo
na minha testa.

placa amarela.
radioatividade:

sou urbano.

bomba-relógio que sangra
rosas por entre os campos.
antes, de cerejeiras;
hoje, de destruição.

erros e misticismo gritando
na espuma concrética da
fumaça escura da fagulha
mais estrangeira da fenda
mais falha de um átomo.

parte unitária de quem sou,
meu ego quebrantado,
meu narcisismo desvendado.
o amontoado de cargas,
de soluções para a equação
mais extensa do universo.

tudo gira junto a nossa
órbita de elétrons e certezas.

sim, somos o núcleo, o maciço
dessa história vagável.
desse capítulo mal-escrito de
Dom Quixote, em que os dragões
são maiores que moinhos de vento
e não se parecem mais com dragões.

parecem com vasos de titânio,
férreas caixas de Pandora.
espalhando por aí crianças de Picasso,
cubismo tatuada na pele,
na arquitetura retorcida.

sim, sou urbano.
e o preço dessa urbanidade corrói
os degraus da escada, em que
estou sentado apreciando essa
luz estranhamente bela vindo
ao meu alcance.

quando a história pertencer a
esse momento e tudo for apenas
o relato de uma garota nua,
chovendo memórias numa sala
escura... espero que essa minha
mão que toca o infinito não seja
apenas sombra na calçada.

2 comentários:

Veri. disse...

eu te odeio





mas nao o bastante!

Anônimo disse...

você é um gênio, só pode.
de verdade, tudo que vc escreve é muito perfeito.
parabens novamente !

by: gabriella fontes.