31.7.08

apriori da nossa vida.

apriori, temo em contar-lhe que do
meu nome muito pouco irá saber:
não tenho medo, identidade,
incertezas ou cidade.

eu vivo onde há brechas e
durmo onde convém aparecer.

poderia detalhar o meu passado,
retalhar as vestes do meu segredo velado,
mas não vale nenhum pouco a pena.

quanto mais se sabe sobre mim,
mais percebe-se não haver nada
aqui dentro válido de ser conhecido.

submersos nesses olhos sofridos e nus,
cala uma história triste e seca.

assim como a minha garganta.
cansada do grito.
do medo. do fogo.

cansada de tentar dizer quem eu sou.

21.7.08

cadência para berimbau.

vou jogar nas pedras da rua
as conchas do meu martírio,
o fogo que arde nas minhas costas
e a tristeza que rasga meu peito.

mesmo sem haver cura,
passo um tempo procurando
remédio ou vento fresco
para as minhas feridas abertas.

e dessa minha moléstia,
extraio o meu canto mais doloroso -
um uivo melancólico para
para todas as madrugadas.

e mesmo rouco ou devastado,
irei repetí-lo em todas
as fases da lua, até sentir
que do outro lado do oceano
uma voz quebrada se calou.

19.7.08

essência dos sonhos.

dizem que poetas
sonham mais e
mais bonito.

eu nunca tive um
sonho que durasse
mais de uma noite.

para sonhar não basta
desvendar as palavras,
muito menos saber
usá-las ao longo das linhas
sinuosas da vida.

para possuir sonhos,
aos montes e do tamanho
da sua felicidade,
é necessário entender
que sem eles não há
graça no amanhã.

e sem amanhã, meu caro,
não há razão nenhuma
para dar o próximo passo.

18.7.08

silêncio em branco.

o silêncio não se compra
com moedas de ouro.

não se faz com
lápis de cor e papel em branco:
não há arte, canção ou corpo
para expressá-lo.

não se encontra
no meio das folhas velhas de
uma manhã nublada
cheia de poesia.

o silêncio, esse que acende
um brilho estranho nos olhos,
está vivo e morto aqui. agora.
ao meu lado. ao seu lado.

mas só poderemos sentí-lo
depois de uma noite inteira
fingindo ignorá-lo.

17.7.08

donos da nossa noite.

Dirigia na contramão da avenida, estava alcoolizado e ria daquela travessura quase infantil. Tragava um cigarro barato comprado com dinheiro roubado, as pressas, da carteira do pai. Seus amigos gritavam de prazer com o ar gelado da noite batendo nas suas caras sem barba: era uma aventura dirigir o carro do irmão do Dinho - escondido, é claro. Leonardo guiava, por ser o mais velho: dezessete anos e duas surras bem dadas.
Essa era a grande aventura daqueles cinco meninos: fingir-se de bons moços durante o dia para seus pais e, pouco depois da meia-noite, pular a janela de suas casas, afim de tornar-se quem queriam ser: os donos de suas próprias vidas adolescentes. Seus nomes, seus pudores, seus medos, suas faces perdiam-se nas pedras do asfalto. A noite era o habitat deles e da noite eles eram escravos por opção. Ali, dentro daquele Punto quase novo, não deviam explicações para ninguém e podiam fazer exatamente o que queria. Uns chamam isso de liberdade, outros, de covardia. De qualquer jeito, lá estavam adolescentes sentindo-se homens.
Guigas abriu outra garrafa de vodka.
- Um brinde aos Laranjas Mecânicas!
Riram. Uma risada seca, acompanhada da tosse de pulmões mal-acustumados à fumaça do cigarro barato. De certo modo, todos eles eram Alex, exceto por jamais terem estuprado alguém, batido em um idoso e sido presos.
Ingeriram fartos goles da bebida importada.

***

Dirigia na contramão da avenida, estava alcoolizado e ria daquela travessura quase infantil. Tragava um cigarro barato comprado com dinheiro roubado, as pressas, d'uma senhora de idade. Seus amigos gritavam de prazer com o ar gelado da noite batendo nas suas caras sem barba: era uma aventura dirigir um carro - roubado, é claro. Crico guiava, por ser o mais velho: dezessete anos, duas noites na prisão e três surras bem dadas.
Essa era a grande aventura daqueles cinco meninos: trabalhar o dia todo afim de obter o sustento dos irmãos e, pouco depois da meia-noite, pular a janela de suas pequenas casas, afim de tornar-se quem queriam ser: donos da cidade. Seus nomes, seus pudores, seus medos, suas faces surgiam das pedras do asfalto. A noite era o habitat deles e da noite eles eram escravos por opção. Ali, dentro daquele Corsa quase novo, riam da cara espantada da velha que assaltaram e podiam fazer exatamente o que queria. Uns chamam isso de liberdade, outros, de covardia. De qualquer jeito, lá estavam adolescentes sentindo-se alguém.
Dérique abriu outro saco.
- Bala pros Parceiros!
Não riram. Nem uma risada seca, não havia palhaço ou graça naquela ocasião. De certo modo, não deve haver riso enquanto alguns jovens perdem sua vida em busca de prazer.
Ingeriram pequenas doses da droga nacional.


***

Leonardo freiou bruscamente, fazendo Théo derrubar a garrafa de bebida quase cheia. Uma parte molhou o tapete do carro.
- Você tá loco, Léo? Se meu irmão sentir cheiro de bebida no carro ele vai perceber que a gente pegou o carro escondido! - Dinho espumou em raiva.
- O guarda, velho. O guarda!
Lá longe, na mesma pista que eles, mas em sentido contrário, vinha o famigerado Gol 1000 da segurança. Sempre que havia guarda novo, Leonardo fazia cara de santo e mostra sua carteira de habilitação falsa, porém se fosse o Seu Luiz...
- É o Seu Luiz, cara! - Nando balbuceou.
O carro do guarda noturno, parou ao lado do Punto. Ambos abaixaram os faróis e os vidros. Seu Luiz tinha idade para ser avô daqueles garotos, mas seu cabelo comprido não negava a sua participação nos movimentos hippies. Ele parou bem perto do carro dos garotos, pôde sentir o bafo de álcool e cigarro.
Todos riram.
- Vocês são fogo, hein? Não escapam uma noite! Toma cuidado pro guarda novo não pegar vocês!
Outras risadas.
- Entra aí, parceiro. Quer um gole?
- Não posso, tô trabalhando. Bom proveito! Se cuida, vê se não bate esse Punto, hein Léo!
- Pode deixar companheiro.

***

Crico freiou bruscamente, fazendo Brito derrubar uma carreira inteira.
- Você tá loco, mano? Você vai pagar outra pra mim, se não vai tê treta! - Brito espumava de raiva.
- PM, velho. PM!
Lá longe, na mesma pista que eles, mas em sentido contrário, vinha a famigera GARRA.
- Corre, cara, corre! - Nirso balbuceou.
O motorista estava muito drogado para fazer manobras bruscas. Tentou virar o carro, mas na primeira oportunidade colidiu com um poste, como a velocidade não era grande, a lataria estragou, mas os cinco garotos sobreviveram. O carro da polícia continuava se aproximando.
- Deu cana pra nóis!

***

Dentro da viatura estavam Humberto e Freitas. Escutavam uma música eletrôncia da rádio quando o carro dos garotos bateu. Eles sabiam as suas obrigações: estacionar ao lado do acidente, descer do carro, verificar se eram ladrões e depois ajudar. A primeira parte eles até fizeram.
- São adolescentes. - havia um descontentamento na voz do policial.
- Vamo embora, tem coisa melhor por aí. Eles se viram.
Os policiais Freitas e Humberto não gostavam de trabalhar a noite, muito menos de prender pirralho.

16.7.08

amargo dia de ontem.

sempre haverá dia em algum lugar,
mesmo que do seu lado do globo
só pareça haver trevas sem estrelas.

15.7.08

erro de concordância.

chega de gente morrendo
por ideais e virtudes:

o mundo precisa de mais fé
e menos promessa.

14.7.08

ronco de barriga usada.

bateu dois dedos pequenos
no vidro escuro do carro:
queria esmola.

mas a mulher fingiu
não escutar nada.

havia uma barriga roncando
e o ronco do motor do carro
recém-comprado.

bateu dois dedos pequenos
no vidro escuro do carro:
queria carinho, afeto.

queria ver um sorriso,
mesmo que fosse amarelo.
queria sentir-se importante.

mas a mulher preferiu
não olhar, nem por um minuto,
para os olhos negros, brilhantes
e partidos daquela criança magra.

era difícil enfrentar a sua presença míope.

13.7.08

novos botões.

preciso de novos botões
para conversar.
esses, desse paletó desbotado,
já não me dizem nada.

às vezes falam, mas suas
palavras mal saem do
seu plástico barato.

em outros tempos,
eles eram os mais bonitos
de toda a cidade
e ainda havia cor
nas suas superfícies.

em outros tempos,
eu não precisava de novos
botões para me sentir mais jovem.

12.7.08

roubar livros.

poderia roubar um livro,
talvez dois ou a biblioteca toda.
ninguém notaria a falta de um
encadernado de Cervantes,
d'um exemplar de Jorge Amado.

"Não tenho coragem", grito para
dentro da boca calada.

ah, se a coragem não estivesse
tão longe de mim, sairia daqui
rasgando as calçadas como
um trovão em tempestade.

mas não chove.
nem dentro, nem fora
de mim.

e por isso, guardo Fernando,
Cecília, Drummond e Machado
de volta na estante.
até que, num belo dia de Outubro,
um deles venha ceiar comigo.

ou dormir comigo.
ou viajar comigo
para um mundo secreto
(mudo e belo)
escondido entre o prólogo
e o epílogo da suas antologias.

11.7.08

black tie.

vestia smoking
e ceiava dinheiro.

podia comprar a
felicidade com
corpos avulsos
em países pobres
da África negra.

controlava o preço
do barril de petróleo
com o toque sutil
de seu dedo indicador.

mas morreu numa
quinta-feira, atropelado
por um motoboy apressado.

10.7.08

cicatriz.

o que era vermelho,
aos poucos, tornou-se
preto e denso.

toda ferida sangra,
mas, um dia, fecha.

é a lei da vida:

pra toda cicatriz
deve haver uma
história.

7.7.08

entenda como quiser.

o mundo é perfeito
para quem não sabe
que viver não possui
apenas cinco letras.

6.7.08

ao juvento eterno.

não há nada além de morte
no seu futuro, meu caro.
toda a sua vida já está pintada
na parede da sala,
debaixo da coberta,
entre a moldura bela,
basta ter coragem de enfrentá-la

(uma tarefa muito difícil para alguém
que sempre buscou evitar a realidade
teatral do mundo).

a coragem é a maior e única virtude
jamais alcançada em toda a sua
existência eloqüentemente trágica,
mas ainda resta um pouco de inverno,
caso queira buscá-la de dentro dos prazeres.

peço, apenas, meu caro, que seja breve,
pois é chegada a hora de um de nós dois.
ou eu, o tempo, eterno na minha
dança mágica de ponteiros
ou você, humano, trajado de
vestes imortais e límpidas,
deverá afogar-se no escuro
e frio avesso da realidade.

de agora em diante,
a sua arte é absolutamente inútil
diante do meu punhal de palavras.
o fim chega para todos, Dorian.

5.7.08

polaróide.

tenho medo de olhar
para a foto colorida
e me encontrar
antigo e desbotado.

as polaróides não mentem.

4.7.08

ser, quem sabe, não-ser.

queira não-ser poeta
para não-ver o lado
ruim do que é bom.

ou, talvez, quem sabe.

queira ser poeta
para achar o riso
escondido dos
dias nublados.

tudo depende do tamanho
da esperança que adormece
escondida em você.

3.7.08

temo em contar.

Caro Watson,
temo em contar,
mas chegaram as férias.

e seus dias vagos.
e sua imprecisão.
e seu tédio.

e seu medo do futuro
cheio de não-férias.

bem-vindo.

2.7.08

um estranho no ninho.

Muito antes de Albert Einstein, Gandhi, Isaac Newton e Leonardo Da Vinci, no meio da selva, Tarzan foi o primeiro Homo sapiens sapiens vegetariano. É certo que, para suprir as necessidades da colônia, na qual vivia, além de colher frutos e vegetais, ele caçava, pescava e fingia comer a carne - esse terceiro era mais em função da honra de sua família.
Para quem não sabe, a família do Tarzan sempre governou a tribo Tupurupiã, ou seja, seu tataravô fundou-a, seu bisavô governou (por longos 70 anos, como dizem as lendas), seu avô, apesar de vivo, sofre do Male de Potiguara (que ninguém sabe direito o que é), por isso seu pai, mesmo sem idade para ser cacique, mandava e desmandava na região. A família Tipirajuara estava fadada ao "trono" até que não houvesse mais nenhum herdeiro - ou até todos os herdeiros serem do sexo feminino.
Tarzan não tinha filhos, mas namorava - o que já era alguma coisa, tratando-se dele, pois nenhuma das outras namoradas suportou seu bafo de cebola, alho e ervas, por mais de uma semana. Uns afirmam ser, essa moça, desprovida de olfato, para todo caso, estavam juntos há dois anos e pretendiam casar no fim do outro mês. Como de costume secular, o noivo só poderia conhecer os pais da moça um mês antes do casório numa grande festa dada por eles.
Depois de dias preparando os quitutes, montando mesas e cadeiras, limpando a casa e fazendo danças para não chover, chegou a tão esperada noite da festança. Tarzan chegou montado num elefante, ambos enfeitados com penas coloridas, seus pais vinham a pé do lado do animal. Umas más línguas afirmam ele ter escovado os dentes naquela tarde, pode ser verdade, pois nenhum presente da festa relatou tapar o nariz, assim que ele começou a discursar.
Todavia, nem tudo estava destinado a ser alegria na festa: todos as receitas preparadas possuíam carne. De cavalo, para piorar. "Posso não comer ou fingir comer, não haverá problema!", pensou antes de se lembrar de um pequeno detalhe sobre essa comemoração: o pai da noiva e o noivo deveriam encher suas cumbucas até o máximo e depois disputar quem terminava primeiro. Se o moço ganhesse, estava pronto para se casar. Um tremor percorreu seu corpo, pois sabia não haver um jeito de livrar-se da comida.
Começaram as comemorações. Antes de tudo, houve o grande momento do encontro: Tarzan beijou a mão do pai da Jane e ofertou lindas flores para a mãe, mas, em troca, nada recebeu, além de um sorriso amarelo dos dois. Depois, vieram o mágico e o truque da noz que cai, os adestradores de macaco e papagaio, as dançarinas e suas cobras enfeitiçadas, os discurso e, por fim, para temor de Tarzan, o duelo da comida. Duas bonitas moças trouxeram as cumbucas amontoadas de virado de carne com mandioca e nabo. O cheiro era muito agradável, mas causou enjoo nele. "Não tem jeito, não tem volta. Agora você vai comer isso aí!"
- Um! - começaram a contar.
Tarzan respirou fundo.
Tupiranbá respirou fundo.
- Dois!
Tarzan fez cara de nojo.
Tupiranbá lambeu os beiços.
- Três!
Não importa quão demorado foi ou deixou de ser, o importante é que Tarzan terminou primeiro seu jantar. Detalhe importante: ao término, seu oponente ainda estava na metade! Era um novo recorde na tribo! Todos os convidados o aplaudiram de pé, enquanto o pai ofertava sua filha a ele.
- Obrigado, Tupiranbá.
- Eu sei que você a fará feliz.
Com um beijo, os noivos selaram a união. Poderia ser mais romântico se, nesse exato momento, a carne de cavalo não tivesse surtido efeito, fazendo-o soltar um dos mais sonoros arrotos de sua vida, para azar dele, é claro, pois arrotar depois da refeição significava que você quer mais comida.
- Tragam outra cumbuca! O vencedor quer uma tupirupurã!
"Ah não!", Tarzan pensou ao ver o tamanho da caldeira que vinha ao seu encontro. Se você não sabe, Tupirupurã significa passar a noite comendo, até um dos dois desistir.

1.7.08

em outras fronteiras.

A estrada de pouco asfalto e muita terra, levantava uma alta nuvem de poeira para cada carro de passava, fosse ele grande ou pequeno, novo ou velho. Assim aconteceu por horas, até um Monza vermelho parar com um dos pneus furado. O motorista desceu xingando todas as gerações possíveis do automóvel, uma mulher tentou consolá-lo com um abraço, duas crianças gritavam incessantemente no banco traseiro.
Ali perto, sentado no acostamento, apoiado nas malas, Juan observava a cena. Ria muito por dentro, porém mantinha uma fisionomia sem-graça por fora. Apesar do desespero do casal, ele nem fez menção de levantar-se ou de ir ajudar. Apenas observava a cena, acompanhado de seu chapéu de palha e capim na boca.
Desesperada, a moça olhou para todos os lados e encontrou apenas sol, cana e, possivelmente, milho, nada havia naquela região. Avistou Juan. Fitou-o. Fitou-a. Uma gota de suor escorria pela testa dela, limpou-a com um dos dedos sujos. Uma mosca orbitava pela cabeça dele, matou-a com um tapa (que acertou seu rosto também). Olharam-se por segundos longos e angustiantes. O sol queimava a cabeça nua do homem metralhando palavrões.
Uma das crianças anunciou sede. "Quero água, mamãe! Quero água!". Os gemidos mal chegaram aos ouvidos maternos, afinal sua cabeça estava inteira voltada para aquele rapaz. "Quero água, mamãe! Eu quero!", agora elas vazaram o consciente da mãe.
- Não tenho água, pede pro seu vô que não pára de falar coisas feias! - gritou.
"Vô, eu quero água!", disse uma dela. "É, Vô, a gente 'tá com sede!", completou a outra, mas ele não deu ouvidos a nenhuma delas, exeto aos milhares e milhares de xingamentos que jorravam na sua mente a cada milésimo de segundo.
A moça continuava com os olhos fixos em Juan e ele fazia o mesmo. Por falta de idéia ou saída melhor, ela correu em sua direção. Não, não correu - isso quebraria totalmente o drama da cena, por isso ela foi andando com passos longos, grandes e decididos. Seus olhos meio fechados e nervosos ainda estavam fixos nele.
- Você fala português?
- Yo sólo hablo español.
Elizeth percebeu quão difícil seria comunicar-se: sabia muito pouco de espanhol, por mais que acabasse de cruzar a fronteira para a Argentina.
- Por favor... usted conoce...
Salivou procurando as próximas palavras e demorou algum tempo até achá-las.
- ¿Cualquier... mecánico... de aquí?
- ¿Mecánico?
- Sí!
- Yo soy mecánico!
- ¿De verdad?
- Sí!
- ¿Usted podría ayudarnos?
- Yo no trabajo el sábado, perdón.