bateu dois dedos pequenos
no vidro escuro do carro:
queria esmola.
mas a mulher fingiu
não escutar nada.
havia uma barriga roncando
e o ronco do motor do carro
recém-comprado.
bateu dois dedos pequenos
no vidro escuro do carro:
queria carinho, afeto.
queria ver um sorriso,
mesmo que fosse amarelo.
queria sentir-se importante.
mas a mulher preferiu
não olhar, nem por um minuto,
para os olhos negros, brilhantes
e partidos daquela criança magra.
era difícil enfrentar a sua presença míope.
Nenhum comentário:
Postar um comentário