21.7.08

cadência para berimbau.

vou jogar nas pedras da rua
as conchas do meu martírio,
o fogo que arde nas minhas costas
e a tristeza que rasga meu peito.

mesmo sem haver cura,
passo um tempo procurando
remédio ou vento fresco
para as minhas feridas abertas.

e dessa minha moléstia,
extraio o meu canto mais doloroso -
um uivo melancólico para
para todas as madrugadas.

e mesmo rouco ou devastado,
irei repetí-lo em todas
as fases da lua, até sentir
que do outro lado do oceano
uma voz quebrada se calou.

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