2.7.08

um estranho no ninho.

Muito antes de Albert Einstein, Gandhi, Isaac Newton e Leonardo Da Vinci, no meio da selva, Tarzan foi o primeiro Homo sapiens sapiens vegetariano. É certo que, para suprir as necessidades da colônia, na qual vivia, além de colher frutos e vegetais, ele caçava, pescava e fingia comer a carne - esse terceiro era mais em função da honra de sua família.
Para quem não sabe, a família do Tarzan sempre governou a tribo Tupurupiã, ou seja, seu tataravô fundou-a, seu bisavô governou (por longos 70 anos, como dizem as lendas), seu avô, apesar de vivo, sofre do Male de Potiguara (que ninguém sabe direito o que é), por isso seu pai, mesmo sem idade para ser cacique, mandava e desmandava na região. A família Tipirajuara estava fadada ao "trono" até que não houvesse mais nenhum herdeiro - ou até todos os herdeiros serem do sexo feminino.
Tarzan não tinha filhos, mas namorava - o que já era alguma coisa, tratando-se dele, pois nenhuma das outras namoradas suportou seu bafo de cebola, alho e ervas, por mais de uma semana. Uns afirmam ser, essa moça, desprovida de olfato, para todo caso, estavam juntos há dois anos e pretendiam casar no fim do outro mês. Como de costume secular, o noivo só poderia conhecer os pais da moça um mês antes do casório numa grande festa dada por eles.
Depois de dias preparando os quitutes, montando mesas e cadeiras, limpando a casa e fazendo danças para não chover, chegou a tão esperada noite da festança. Tarzan chegou montado num elefante, ambos enfeitados com penas coloridas, seus pais vinham a pé do lado do animal. Umas más línguas afirmam ele ter escovado os dentes naquela tarde, pode ser verdade, pois nenhum presente da festa relatou tapar o nariz, assim que ele começou a discursar.
Todavia, nem tudo estava destinado a ser alegria na festa: todos as receitas preparadas possuíam carne. De cavalo, para piorar. "Posso não comer ou fingir comer, não haverá problema!", pensou antes de se lembrar de um pequeno detalhe sobre essa comemoração: o pai da noiva e o noivo deveriam encher suas cumbucas até o máximo e depois disputar quem terminava primeiro. Se o moço ganhesse, estava pronto para se casar. Um tremor percorreu seu corpo, pois sabia não haver um jeito de livrar-se da comida.
Começaram as comemorações. Antes de tudo, houve o grande momento do encontro: Tarzan beijou a mão do pai da Jane e ofertou lindas flores para a mãe, mas, em troca, nada recebeu, além de um sorriso amarelo dos dois. Depois, vieram o mágico e o truque da noz que cai, os adestradores de macaco e papagaio, as dançarinas e suas cobras enfeitiçadas, os discurso e, por fim, para temor de Tarzan, o duelo da comida. Duas bonitas moças trouxeram as cumbucas amontoadas de virado de carne com mandioca e nabo. O cheiro era muito agradável, mas causou enjoo nele. "Não tem jeito, não tem volta. Agora você vai comer isso aí!"
- Um! - começaram a contar.
Tarzan respirou fundo.
Tupiranbá respirou fundo.
- Dois!
Tarzan fez cara de nojo.
Tupiranbá lambeu os beiços.
- Três!
Não importa quão demorado foi ou deixou de ser, o importante é que Tarzan terminou primeiro seu jantar. Detalhe importante: ao término, seu oponente ainda estava na metade! Era um novo recorde na tribo! Todos os convidados o aplaudiram de pé, enquanto o pai ofertava sua filha a ele.
- Obrigado, Tupiranbá.
- Eu sei que você a fará feliz.
Com um beijo, os noivos selaram a união. Poderia ser mais romântico se, nesse exato momento, a carne de cavalo não tivesse surtido efeito, fazendo-o soltar um dos mais sonoros arrotos de sua vida, para azar dele, é claro, pois arrotar depois da refeição significava que você quer mais comida.
- Tragam outra cumbuca! O vencedor quer uma tupirupurã!
"Ah não!", Tarzan pensou ao ver o tamanho da caldeira que vinha ao seu encontro. Se você não sabe, Tupirupurã significa passar a noite comendo, até um dos dois desistir.

Um comentário:

f.f.h disse...

ahuHAUhauHAUhau

raxei