as luzes no horizonte,
parecem estrelas:
cheias de graça brincando
de fazer cócegas no céu.
mas ninguém ri, quero dizer,
eu não escuto nenhum riso.
além do grunhido do meu gato,
do berro do papagaio e a
estranha voz da vizinha.
tomo outro gole do espumante
chocolate-quente que esfria-se
em cima da mesa cheia de papéis.
sinto o meu avesso aquecido,
diferente dos meus pés cheios
de meias de lã e minhas mãos
cobertas de luvas.
de repente.
vejo umas luzes se apagarem.
sinto o sopro morno do gato dormindo,
a paz do papagaio quieto e o silêncio
da vizinha portuguesa.
e sobram somente estrelas,
cheias de graça, brincando
de fazer cócegas no céu.
alguém ri.
eu rio, pra falar a verdade.
balanço a cabeça cheia de dúvidas.
fecho a janela, desejo boa noite ao gato,
ao papagaio, às luzes esquecidas,
à vizinha de voz estridente.
e durmo.
sonho com
estrelas.
e luzes.
e gatos.
e papagaios.
menos com a vizinha.
não gosto da voz dela.
que pena.
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