20.6.08

terráqueos? - parte final.

[ler parte quatro].

A sigla NASA, para os Treptozitóides, significa "Nüastw Awtz Soliberum Aytrutza" - dessa vez sinto-me na obrigação de traduzí-la para vocês: "Favor Deixar a Esposa na Caixa". Antes que seres femininos, de todas as partes possíveis, se revoltem contra mim, permita-me explicar: no planeta Treptozito há uma fábrica para solteirões de meia-idade, a qual projeta e cria esposas-andróide perfeitas para cada caso, porém, para recarregá-las, favor NASA.
Depois de toda essa explicação, vamos ao que interessa. Tirando os historiadores de Subeta-19 e os terráqueos, nenhum outro ser deve saber que NASA é, também, uma sigla para National Aeronautics and Space Administration, uma agência do Governo dos EUA - país da Terra -, criada em 29 de julho de 1958, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. Foi a mesma que mandou a espaçonave para Klaptozioôn, num projeto coordenado pelo astrônomo Henry F. S. Terry e por uma vasta equipe de técnicos e astronautas.
Desde que enviaram-na para 2003-UB313, há três anos, trinta e dois dias e vinte e três horas, a expectativa para desvendar o tal planeta é gigantesca. Milhares de contas e previsões já foram feitas e, na sua maioria, não deram em nada: pouco se aprendeu sobre a nova descoberta. Na verdade, não obtiveram nenhuma informação relevante e nova. Chegamos a parte, imagino eu, esperada por vocês: o apontador.
Geralmente, essas milhares de contas e previsões eram feitas em cima de uma mesa redonda, de vidro, situada no meio da sala de controle mais importante da NASA, por um matemático-físico-engenheiro totalmente excêntrico, Oswald Sompyà, o qual arrumava sistematicamente seu local de trabalho, todos os dias de manhã - uma lapiseira 0,7mm e uma caneta azul esferográfica do lado direito, no centro as folhas pautadas para cálculos e, do lado esquerdo, a borracha verde e um apontador elétrico.
Todos os dias, pouco depois de limparem a sala, Oswald chegava com sua pastinha de couro preto, trocava a borracha, jogava fora toda a sujeira da reservatório do apontador e, por intermédio de uma extensão, ligava-o no painel de força centrar. Cronometrados quatro minutos depois, os primeiros astronautas começavam a chegar.
Porém, nessa manhã, seu carro resolveu pifar, o táxi atrasou, havia congestionamento (por causa de um acidente) e ele chegou vinte minutos atrasado ao trabalho. Desnorteado pela seqüência de acontecimentos, Sompyà esqueceu de ligar o apontador. Ele estava tão desnorteado que, apenas treze minutos antes do tão esperado encontro entre a nave espacial e a o órbita do novo planeta, ele pôde perceber os rituais não realizados. Para muitos, isso não teria importância, afinal a equipe inteira estava amassada nessa mesma sala, fazendo a contagem regressiva.
- Doze minutos! - Henry F. S. Terry gritou animado.
Mas, para Oswald, ver aquela tomada desligada começava a deixar-lhe apreensivo e, de um segundo para outro, passou a desejar ver a nave explodir, caso não ligasse aquele plug. Tentou manter a calma, respirou fundo, fechou os olhos, os punhos, os lábios, cerrou os dentes, mas nada fez seu corpo aquietar-se.
Vários e vários e vários quilômetros dali, num planeta roxo em quase-extinção, Yülitz Gagarin preparava psicológicamente todos os conterrâneos para o fim próximo. Uns klaptozionios enchiam os tanques da "Fantástica Máquina da Implosão Total" com combustível atozônico. Famílias ceiavam a última refeição, jovens solteiros buscavam qualquer menina para namorar e uns velhos jogavam a derradeira partida de bötzslhe (ou bocha, para os terráqueos).
- Retzelis minutos para o encontro! - Yülitz Gagarin gritou, apenas.
- Três minutos para o encontro! - Henry F. S. Terry gritou animado.
Oswald não conseguiu se conter e, com a fúria de uma dúzia de touros artrídizianos, correu, esbarrando e desviando de todos outros, em direção ao Painel de Força Central. Mais furioso ficou, ao ver, no lugar onde deveria estar conectada a sua tomada, uma outra - totalmente desconhecida.
- Quarenta segundos para o encontro! Contagem regressiva! - Henry F. S. Terry gritou animado.
- Trewqa segundos para o encontro. Contagem regressiva. - Yülitz Gagarin gritou, apenas.
Num ato totalmente insano, Sompyà desligou todas as chaves elétricas e desconectou tomada por tomada até deixar o painel nu. Logo, brotaram pessoas afim de pará-lo e tentar concertar o seu erro.
- Não! Não pode ser! - Henry F. S. Terry gritou angustiado.
- Adeus. - Yülitz Gagarin sussurou para si mesmo, no exato momento em que seu planeta desapareceu, como mágica. Havia chegado o fim.
Poucos segundos depois, os computadores da NASA foram religados, mas, para infelicidade geral, não viram mais nada: nem planeta, nem descoberta, nem perspectativas futuras. A nave espacial continuava voando rumo o infinito.

Existe uma teoria muito antiga num lugar bem distante do Sistema Solar, feita por um metafísico meio biruta, que diz: "Se um planeta implodir-se num ato heróico e belo, a fim de salvar toda a sua população de uma crise, então ele resurgirá numa galáxia bem mais distante que essa. Sem nenhum dano, sem nenhum arranhão", pena que ninguém sabe se é verdade.

fim.

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