3.6.08

sei que está aqui.

sinto no embalo do vento,
no coro das ondas,
nas fases da lua,
na fumaça dos carros,
no quente das cobertas,
no som do meu violão.

é um sussuro, algo que
impregina nos meus
ouvidos e não me
deixa aquietar.

soa igual a voz de
alguém conhecido, porém
não reconheço rostos e jeitos
nessa presença invisível.

mas eu sei que ela está aqui e
posso até escutá-la entre
os passos da minha caminhada,
no meio do meu almoço, no fim
das minhas lições, antes de ir.

ir embora, ir dormir, ir viver.

chego a achar que a voz vem de mim,
aqui de dentro, do vão dos sonhos.

acredito que ela nasceu junto ao futuro
e se renova todos os dias, nas horas
esquecidas que passo dormindo.

para mim, não importa sua origem,
sua intensidade, seu combustível.
importa mesmo a sua volta
para me dizer que as esperanças
não morrem durante as madrugadas.

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