O que lhe traz aqui, W. C. Handy?
Por favor, sente-se e me conte:
como vão as camisas velhas
estendidas nos varais da vida?
Continuam, os pássaros,
voando longe, sonhando alto
e se perdendo nessas
infinitas estrelas que criamos?
Ainda tiram, do guarda-roupa,
a vontade ancestral de
lutar pelo que parece morto:
esse desejo chamado dignidade?
As estradas continuam
pintadas de branco suave,
ou o opaco negro dos olhos
já manchou sua beleza?
O vento que destrói sonhos,
já levou embora todas
as flores de magnólia
que não arrancamos?
Os bares sujos e velhos
ainda tocam o canto-ritual
dos ancestrais negros:
o meu querido Blues?
Quer saber, não responda nada.
Esse copo de whiskey é da casa.
Agora vá embora e não volte,
nem acompanho de St. Louis.
Cansei de acreditar nessa mudança
que não virá nunca.
Dói pensar que de nada adiantou
cantarmos até a voz ficar rouca.
O que preciso é de descanso
embalado em um último Blues -
ainda há leões presos em mim.
Um último que me mantenha vivo.
Blues para voz cansada,
amor esquecido,
emprego perdido,
alma dilacerada.
Venha, se souber, cante comigo.
em homenagem ao Blues, ao W. C. Handy, ao estado do Alabama, ao estado do Mississipi.
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