[leia a parte um]
Acabei de voltar do trabalho e, como toda manhã e tarde, passei em frente da casa do Joaquim - passei apressado, do outro lado da rua e ressabiado, depois daquele dia nunca mais terei coragem de encará-la frente a frente. Não por ser feia ou mal-assombrada, pelo contrário, é muito bonita. Imagine um casarão dos barões do café, pinte-o de branco sujo, coloque um jardim de grama e pequenas flores roxas na frente, uma grade baixa antes de tudo e um vitral redondo entre a casa e o telhado - este que é em formato de V ao contrário. É mais ou menos assim a tal casa.
Pronto, chegamos ao começo da história. Prepare-se para o surrealismo que será contado a partir daqui, mas é bom relembrar: estava de pé no jardim.
Primeiro, quero situá-lo: era uma sexta-feira à noite, cantavam modas de viola na festa do Joaquim e, aqui em casa, eu acabava de ler "O menino no espelho" enquanto tomava café meio gelado.
Pelo que dava para escutar, o cantor não era tão bom - perdia o tempo e usava muito glissando -, não faz meu estilo. Até tentei cantarolar uma ou outra melodia, mas por fim achei que a história do livro era muito mais interessante.
Uma, duas, três horas se passaram e a festa chegou ao fim - cessou a música, os convidados foram embora e meu sossego enfim chegara. Respirei fundo, passei as mãos no cabelo e desejei boa noite aos meus ancestrais falecidos. Apaguei antes de poder orar.
Dormiria a noite inteira se não fosse por um grito que ecoou pelo meu quarto inteiro.
Acordei e fui ver o que acontecia.
[leia a parte três]
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