[ler parte um, parte dois, parte três]
Taquaral, 11/02/08
Segunda, 15:00
Mariana sabia pouco sobre o que todo mundo sabia muito: amor. Não esse de filme que é incrivelmente perfeito e chato ao mesmo tempo, mas sim o amor da vida real (que não tem hora pra surgir, nem pra acabar; que não segue regras; que sofre e nem sempre acaba bem). "Sou inamável" gostava de dizer aos amigos e familiares, mas no fundo desejava o par-perfeito - este que, geralmente, só era escolhido após passar por uma extensa seleção.
Mas nessa tarde de fevereiro ela decidiu dar uma chance ao acaso, após receber um chaveco pelo Orkut.
Sentiu que era a sua vez.
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Cambuí, 11/02/08
Segunda, 13:20
Eduardo analisou friamente todas as opções e decidiu que ela era a mais vunerável. Como primeiro passo, era necessário conquistá-la e, para isso, lembrou de seus tempos de escola, quando inventar cantadas e frases de efeito era pura diversão. Bolou uma mensagem que soou perfeita nos ouvidos - confesso que depois de escrita, perdeu um pouco sua graça (frases de amor foram feitas para serem ditas a dois, a sós). De qualquer forma, sentiu-se cafageste, galanteador e com o ego nas nuvens.
Desligou o computador para tomar café.
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Brasília, 15/02/08
Sexta, 18:00
Depois de uns goles de água e murros na parede, Ricardo se sentia mais calmo. Voltou ao computador e trêmulo pelo que investigava, buscou no histórico da internet o Orkut do pai. Encontrou, viu a foto no canto superior esquerdo - queria derramar uma lágrima, mas se conteve (ainda não sabia se o pai era merecedor de pena, saudade e afeto). Entrou na página de recados, releu tudo levou um susto: a data. Ao contrário das expectativas, as datas sinalizavam que as tais mensagens eram recentes (após a morte de seu genitor). Sem entender buscou a página de recados da tal moça e levou o mesmo susto: as mensagens haviam sido respondidas após a morte do pai. Teve medo e alívio: seu pai não tinha uma amante, mas alguém estava usando o nome dele.
[ler parte cinco]
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