11.12.07

sobre estar bem.

- Eu estou bem! - menti quando me perguntaram sobre meu humor.
Era uma tarde de verão, eu acabara de fazer compras quando encontrei um velho amigo. Eu sorria naquele momento, por mais que os músculos das minhas bochechas doessem, impedindo que eu parecesse realmente feliz.

Eu sei mentir, é fato, ainda mais quando tento mascarar um sentimento - mais ainda quando tento parecer alegre e, nas últimas semanas, minha dissimulação tem sido posta à prova constantemente.
O que se passa é que um emaranhado de fatos ruins vem acontecendo, me fazendo acreditar que meu mundo vai desabar ou me fazendo cogitar a idéia de fugir do Brasil, mas ainda assim tenho a capacidade de responder positivamente quando questionado sobre meus dias, minha vida e meu temperamento atual. Eu gosto de parecer otimista, pois deixa nas outras pessoas uma lembrança agradável de mim:
- É incrível, toda vez que eu falo com o Carlos ele está feliz!
Gosto de criar essa impressão e me deixo, às vezes, acreditar nela.

Após um ou outro assunto, me despedi do conhecido e fui em busca do meu Fiat no estacionamento - o encontrei depois de muito procurar. Abri o carro e coloquei as compras no porta-malas; me sentei no banco do motorista e pude ver meus olhos no reflexo do pára-brisa. Eu sabia que dentro deles, havia um monte de lágrimas e sentimentos ruins guardados, só que por fora eu só conseguia enxergar um brilho estranho e consolador.
- Eu estou bem! - repeti para mim mesmo antes de ir embora.

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