14.12.07

sobre violões e começos.

Há um violão encima da cama, que por sinal está desarrumada, mas eu gosto desse estilo desleixado - combina com meu amor-humor do momento.
Coloco o instrumento no colo e tento por diversas vezes criar uma nova harmonia, mas não há nenhum acorde novo na minha cabeça, na verdade nada novo me ocorre há muito tempo: tudo permanece numa confortável monotonia que me cansa só de pensar.
Preciso inovar, esquecer essa meia dúzia de histórias velhas que me atormentam a cabeça diariamente: brigas, brigas, brigas. Eu quero ousar, sair sem ter que dizer a hora que irei voltar, ou pra onde vou! Quero ser livre, mas sem ter que pagar o preço por sê-lo.
Bato nas cordas de qualquer jeito e escuto o som de várias notas juntas - dói nos ouvidos, mas me alivia. Bebo, sinto e vivo aquele ruído amistoso.
De súbito, meus dedos começam a dançar sincronizadamente pelas cordas do violão, criando novas notas. A melodia vem aos poucos em minha cabeça, percorre todo o meu corpo - sinto um arrepio e canto, as estrofes não são coerentes, mas são belas e cheias de sentimentos.
Percebo que a nova música está desobstruindo minha alma. Começo a chorar como uma criança perdida, as lágrimas molham minha camiseta e o corpo do violão.
Começo a lembrar cada momento ruim que já passei e me envergonho de mim mesmo. Paro de tocar e o som da minha voz se prendi atrás dos lábios. Com raiva do meu dia-a-dia sem-graça, jogo o instrumento contra a parede.
Grito angustiado.
Em câmera lenta, eu consigo ver o violão se espatifar no chão e, junto dele, sinto minha vida se quebrar em mil pedaços.

Hora de um novo começo.

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