10.12.07

sobre minha covardia.

Às vezes duvido da minha sorte ou da falta dela e é duvidando mesmo, que acredito que amanhã será um dia melhor. Talvez seja muito pensar que tudo se resolverá no dia seguinte: nada de guerras, armas, pobreza, fome e essas coisas que nos fazem dormir pesado, mas eu acredito e me basta.
Basta, para eu me sentir melhor e com a sensação de que um fardo foi tirado das minhas costas - é aliviante saber que, talvez, amanhã não terei que me recriminar ao deixar comida no prato ou desdenhar um pouco de arroz-com-feijão.
Não gosto dessa sensação de culpa por um problema que diretamente não é meu, por isso prefiro acreditar que o culpado é o governo de cada país e não eu, por não ajudar nem quem está ao meu redor! Droga, por que é tão difícil falar um bom dia para a moça que limpa o chão do prédio? Ou abaixar o vidro pra escutar a súplica de um mendigo no trânsito, com medo de ser assaltado? Ou arrecadar dinheiro para uma ação solidária? Eu quero ajudar, mas minha consciência pobre insiste em me impedir: "Tenho vergonha", "Não tenho tempo", "Depois eu faço", "Não tenho dinheiro!", "Não tenho talento", "Não quero" - são pensamentos constantes a cada vez que decido fazer alguma coisa pelo próximo.
Por isso, prefiro acreditar no amanhã. Caso o mundo mude amanhã, não terei que me culpar mais. E o quê mais dói é saber que eu prefiro mudar o mundo à dar um passo em prol da solidariedade.

Nenhum comentário: