há um fio de cabelo
na minha sopa.
um fio escuro e denso,
boiando sozinho no
caldo amarelo quente.
por tempo, quis trocar
o prato, mas me acostumei
com a presença indigesta
daquele visitante.
com fome e coragem,
engulo às pressas gordas
colheradas, esperançoso
em afogar o pêlo e mágoas.
quero misturar à comida,
o seu cheiro, o seu gosto,
o seu rosto, o seu jeito,
afim de lhe esquecer.
pois o seu cabelo preso ao chão
da minha eternidade,
incomoda mais que esse
dentro da minha boca.
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