6.5.08

ENADE que pariu.

É comum associarmos acadêmicos com pessoas cultas que dominam a língua culta e que sabem sair com postura de qualquer situação adversa. Na maioria dos casos, acertamos ao pensar assim, até nos depararmos com certos ilustre, como o professor Antonio Natalino Manta Dantas - esse que ostenta diploma em Medicina pela FAMEB (Faculdade de Medicina da Bahia). Levando em consideração seu curriculum não há nada para se envergonhar: possui diversas especializações cirúrgicas e alta cadeira na UFBA (Universidade Federal da Bahia), como coordenador livre-docente do curso de medicina.
Tudo caminhava em seu perfeito estado de paz até semana passada, quando saíram os perversos resultados do ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) para o curso de medicina e, fatídicamente, dentre os piores desempenhos estava o da UFBA. Os repórteres que não são bobos nem nada, se apressaram em questionar Dantas sobre o péssima nota tirada pelo curso e a resposta dada por ele assombrou o país:
"Há uma inferioridade dos alunos baianos em relação aos outros. A prova foi uma mostra disso. O baiano é uma pessoa igual a qualquer outra, mas talvez tenha déficit em relação a outras populações. Não temos aquele desenvolvimento que poderíamos ter. Se comparados com os estados do Sul, vemos que a imigração japonesa, italiana e alemã foram excelentes para o país. Aqui ficamos estagnados. O povo baiano tem baixa de QI que é uma doença hereditária". E para acabar de vez com o assunto soltou a brilhante piada: "O berimbau é o tipo de instrumento para o indivíduo que tem poucos neurônios. Ele tem uma corda só e não precisa de muitas combinações musicais".
Obviamente, a população baiana não aceitou quieta essa chuva de elogios e pouco depois o governador baiano, Jaques Wagner, declarou que o professor Antonio teve um surto de imbecilidade.
Todavia diante de tudo isso, chegamos a um beco sem saída: onde ficou a eduação? Pois o que vejo são duas declarações agressivas que não passam de explosões sentimentais, o que prova que ambos não sabem aceitar uma crítica sem cair do salto (e "cair do salto" aqui não é só ficar nervoso, mas é mostrar, também, não ser digno de ocupar o cargo no qual está). Claro que dirão que tiveram motivos para dizer tais coisas, mas não importa: não importa se é um comentário racista ou não, uma nota ruim ou não - o carater e a dignidade devem ser maiores que números e palavras.
Não vamos aqui colocar a carreira de Jaques na mesa - esse que teve grande influência nos movimentos estudantis e ajudou a fundar o PT. Apenas seria de bom tom que ele soubesse devender seus eleitores (que o puseram no governo com 53% de votos) sem precisar descer ao nível de quem os ofende.
Quanto Antonio Dantas, seria razoável que analizasse melhor seu comentário, afinal ao criticar seus comterrâneos, assumiu uma postura racista (que é crime) e, caso não tenha percebido, se chingou de burro (ou ele é o único isento do baixo QI hereditário?). Por sinal, atualizar seu vocabulário deixaria seu argumento menos ridículo: QI é um termo extinto na psicologia moderna.
Claro que não pode-se extender a característica de ser mal-educado a todos os baianos, todavia preocupa saber que um estado é representado por pessoas que não sabem manter um discurso sensato e politicamente correto quando postos contra a parede. Espero que esse caso abra os olhos dos baianos: ovelhas alvas também possuem suas manchas escuras.

Um comentário:

M. disse...

disse tão tudo,em tão pouco.