21.5.08

pó de mármore.

cravo os dedos na superfície
alva e brilhante que fende-se
em milhões de pontos brancos,
como estrelas num céu de outono.

num misto de sonho e realidade,
vejo surgir cores e desenhos,
a cima, a frente, embaixo,
dentro de mim.

ajunto um punhado de fragmentos
entre as palmas grosseiras.
fecho os olhos e procuro a paz que
se esconde atrás das pálpebras.

encontro outros eus perdidos
pelas tramas da vida.
uma lágrima-cristal desenha seu
caminho no meu rosto.

sinto o abraço do vento
levando embora todo
mármore que se
prendeu à minha pele.

meus lábios sussuram um
discurso improvisado.
peço que o futuro não seja
tão escuro quanto parece ser.

grão a grão, minhas mãos
tornam-se nuas novamente.
a névoa de pó acalma e
assenta-se no chão.

lentamente, vou embora.
despido de pesadelos e incertezas.

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