Gustavo esbanjava manias por onde passava, não importava o lugar.
Hoje mesmo aconteceu uma dessas crises Magnos Bif, um dos restaurantes mais chiques da cidade, ele estava acompanhado de alguns amigos do trabalho. Chegou a hora de se sentarem:
- Pára tudo - gritou Gustavo assustado.
Todos olharam para ele impressionados.
- O que foi, Gusta? - o amigo dele sabia que estava na hora de vexame.
- Minha cadeira é de cedro?
- Sim, senhor. - respondeu o garçom gentilmente.
- Ótimo, mande trocá-la, caso contrario não almoço aqui.
Alguns risos baixos e caras de indignação completavam a cena.
- É pra já, senhor.
Logo veio um outro assento, desta vez de plástico.
- Me desculpe, senhor, mas tirando as cadeiras de cedro, só temos essas de plástico.
- Senhor? Você me chamou de senhor? Pode me chamar de você.
- Ótimo, você.
- Você, não. Gustavo fica melhor.
O jovem garçom já estava se irritando com as regalias do ruivo cliente.
- Gustavo, por favor sente-se.
- Ele gosta de comer em pé - sussurou um outro colega.
- Sinta-se à vontade para comer de pé.
- Eu não preciso que você deixe.
- Gustavo, mais educação...
- Com pão.
A outra senhorita esquecera de uma das manias mais estranhas de Gustavo: rimar tudo que terminasse em "ão".
- Vocês já sabem o que vão querer?
- Desejo sentar-me.
- Mas você não ia comer de pé?
- Mudei de idéia. Nossa, cadeira de plástico?
- Você pediu pra que fosse trocada a cadeira de madeira por essa, se esqueceu?
- Eu pedi que a cadeira de madeira fosse trocada, mas não por isso.
- Mas é a única que temos.
- Comerei de pé, então. Posso tirar os sapatos?
- É, não sei... mas nada o impede.
- Que seja, pode desamarar então.
- Eu? Desculpe-me, mas eu sou só o garçom.
- Então chame alguém para tirar meus sapatos.
- Nós não temos ninguém que faça isso, senhor.
- Senhor, não. Eu já te disse...
- Me desculpe, Gustavo, mas o restaurante está enchendo. Você não gostaria de pedir.
- Claro que sim. Quero uma água e uma colher de açúcar.
O garçom realmente achava que era uma piada de mal-gosto.
- Você tem certeza?
- Absoluta. Ah, na verdade quero 500 grãos de açúcar.
Era demais para o garçom, o qual já tinha perdido a paciência.
- Escute aqui, o senhor me faz ficar perdendo tempo aqui pra você pedir 500 grãos de açúcar e um copo de água? Meu amigo, a preferência é do cliente, mas aqui você não entra mais. Quer se retirar, por favor?
Foi nesse instante que Gustavo soltou uma alta gargalhada e com um brilho nos olhos disse:
- Gostei de você, vou pagar seus 10 por-cento. Obrigado pela gentileza de me servir, o almoço foi ótimo.
Confuso e constrangido, o garçom pegou o cheque do cliente, o qual saiu feliz por ter sido tão bem atendido.
Um comentário:
Brigada Tefo :)
que bom que gostou!
beijão.
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