11.11.07

sobre chegar em casa.

Abri a porta de casa. Senti o aroma de torta: estava na hora do jantar.
- Filhos? O papai chegou!
Logo todos os três vieram correndo me abraçar.
Os abracei, como é bom sentir aqueles pequenos pedaços de mim envoltos nos meus braços.
Fechei os olhos e desejei que durasse a vida inteira.
Se pudesse, desejei que durasse toda a eternidade.
- Que saudade, pai.
Pai, era assim que eu me chamava naquela casa.
- Você chegou tarde. Eu queria que você tivesse me ajudado com a lição.
Um frio percorreu minha espinha. Eu queria ficar todas as horas do dia com eles, mas era necessário ir trabalhar.
Mas eles não entendem. Eu também não.
O terceiro não me disse nada e eu estranhei.
"Justo ele que é o mais falador dos três? Algo aconteceu."
- O que aconteceu, Henrique?
Ele disfarçou, soltou minha perna e se fez de forte.
- Nada.
Ele não iria falar, não na frente dos outros.
Era hora de ficar sozinho com ele.
- Podem ir brincar, mas eu quero conversar com vc, Rique.
Ele ficou um pouco mais. Nos sentamos: eu no sofá, ele em mim.
- Filho, você está meio triste. Conta pro pai o que foi.
- Ah... Você sabe.
Saber era o que eu mais queria.
- Eu sei filho, mas conta pra mim. O que aconteceu?
- Não era nada, mas você não disse que estava com saudade de mim.
Era isso? Era saudade, só isso?
- Filhão. claro que o papai sentiu saudade de você! Eu sempre sinto.
As palavras mágicas, eu as havia dito.
Ele abriu um sorriso e deixou que o brilho inundasse seus olhos.
Ele estava feliz de novo e voltou a brincar.
- Te amo, pai.
Mais uma vez, eu era o PAI.
E isso me confortava.

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