17.11.07

sobre o supermercado.

Somente naquela tarde não havia congestionamento no trajeto entre a casa de Hugo e o supermercado - talvez fosse um sinal que alguma coisa iria acontecer, mas ele nem se importou. Em tempo recorde, 15 minutos, ele já havia estacionado o carro e se dirigia à porta principal quando escutou um grito.
- Todo mundo pro chão, isso é um assalto.
Seu coração queria pular para fora do corpo.
Ele estava a alguns metros do ladrão e apenas uma porta de vidro os separava.
Se olhavam, mas não se reconheceram.
Hugo por um pequeno instante sentiu náusea, mas logo se recuperou ao escutar um tiro: não era em sua direção, era para o teto - só para assustar. Sem pensar, ele saiu correndo em busca de socorros. "Mas que cara burro, assaltar um supermercado cheio em plena tarde? Ele pensa que vai conseguir alguma coisa com isso?", achou um orelhão e ligou para polícia.
Lá dentro, o jovem de uns 25 anos continuava gritando e gesticulando com a arma na mão.
- Eu quero todo o dinheiro e rápido! Se não essa atendente morre! - apontou a arma para uma das moças que ficam no caixa.
Foi entre o assaltante receber a penúltima e a última sacola de dinheiro para seis carros da polícia chegarem e bloquearem a saída.
Hugo observava tudo de dentro do seu carro parado do outro lado da rua. Ele pressentiu que mais surpresas estavam por acontecer, mas ignorou a sensação.
- Saia do supermercado com as mãos na cabeça, você não tem como escapar!
O assaltante, que mantinha a arma na cabeça da mulher, pensou em suas possibilidades e percebeu que não tinha escapatória. Ele sabia, mas só ele sabia que a arma não tinha mais munição. Decidiu apelar.
- Eu não saio e vocês não entram, se não eu mato essa pobre coitada!
Os guardas conheciam mais de armas do que o infeliz imaginou - logo que ele balançou a pistola, os policiais perceberam que não havia bala no gatilho.
Decidiram entrar.
Hugo ficou tenso dentro do carro, sentiu seu próprio cheiro do medo.
Ouviu outro tiro.
Em uma jogada arriscada, o bandido carregou a arma e disparou, mas, ao contrário de sua espectativas, havia uma ultima bala no pente. Hugo sentiu seu corpo estremecer: o cano da arma não estava apontado para a cabeça da mulher, mas sim para a própria cabeça do bandido azarado.

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