Abri a porta e entrei em casa; a minha roupa cheirando a escritório me dava ânsia; senti a estranha sensação de que alguém me observava: era meu cachorro que veio me pedir um carinho. Abaixei, estendi a mão sobre a penugem densa do animal, cocei a sua cabeça e dei-lhe um beijo. Faltava-me forças para levantar do chão, pois minha cabeça girava em uma velocidade alucinante e eu senti que iria desmaiar, mas me restou um pouco de coragem e eu cheguei ao quarto. Me troquei, me deixei sentir a brisa da noite, me amei - já que ninguém fazia isso por mim.
Agora, abraçado à mim mesmo, sentia o pulsar do meu coração; falei meu nome baixinho tentando imaginar uma outra voz - um sussurro feminino, quem sabe. A foto da parede (que era dos meus pais) sorria para mim - como forma de consolação. Eu não sorri, não era preciso para entender que eu os queria de volta. Eu não senti, por mais que a foto me desse tristeza em outros dias, hoje eu não iria chorar, por que eu estava confiante o suficiente para entender meu destino inviolável: a solidão.
Me joguei encima da cama de braços abertos, mas a sensação do abraço continuava impreguinada na minha pele.
Era a vontade de amar.
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