1.11.07

sobre aquela velha sensação.

Por mais que eu tentasse me concentrar na aula, minha cabeça latejava ardidamente, me tirando toda a vontade de estudar; meus olhos antes aguçados, perdiam seu vigor lentamente.
"Você está com sono, durma mais cedo amanhã!", eu me repreendia enquanto minha mão perdia a vontade de escrever as palavras postas no quadro-negro.
Eu tentei, juro que tentei. Permaneci o máximo que pude na sala de aula, pois faltavam poucos dias paras as provas e toda informação era importante. Mas entre a 4ª e 5ª aulas eu saí da sala em uma jornada - quase cambeando - até a enfermagem.
- Cecília, por favor, não dá mais.
- O que você tem, Fernando? Credo, parece que vai morrer.
- Estou quase. Não sei o que é, mas no começo parecia sono, mas agora eu mal consigo me levantar da maca!
- Ai ai, quanto drama! Você está doente.
Doente? Não podia ser! Faltava um dia para o meu aniversário e eu estava do-en-te?
- Que ótimo, o melhor presente que eu podia receber!
- Levante o braço, vamos ver se você está com febre.
Depois de alguns minutos com o termômetro do suvaco, veio o laudo:
- Nossa! Você está com 38,5º de febre!
- Melhor ainda! Tem um remédio ou está dificil?
- Nem doente você pára de ser irônico?
- Você sabe que é dificil negar as origens.
Ela não riu.
- Toma seu remédio.
O gosto amargo infestou minha boca e percorreu toda minha garganta inflamada.
- Droga! Tinha esquecido quão ruim é essa porcaria.
Agora ela riu.
- Vou ligar para sua mãe vir te buscar.
- Tudo bem. Ela deve estar com o celular. - "Pelo menos vou perder umas aulas!".
Depois de alguns minutos que custaram à passar, Dona Bernadeti, minha mãe, chegou no colégio à minha procura. Eu já estava sentado na escada principal a esperando. Em uns vinte minutos eu já estava deitado na minha cama.
- Calma, filho, daqui uns dias você vai melhorar.
- Dias, mãe? E minha festa?
- A gente pode adiar.
Eu não tinha muitas energias para debater com ela naquele momento e acabei aceitando a decisão.
Fazia tempo que eu não me sentia assim: eu estava com gripe e era daquelas que vêm para estragar seus planos do final-de-semana.

E meu aniversário? Ah, foi ótimo, cheguei aos meus dezesseis anos, tomando sopa de galinha no quarto. O-B-A.

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