Por mais que soubesse que era preciso dizer palavras de consolo, Fernanda não tinha o que falar - uma sensação que a machucava por dentro. Ao observar que todos a olhavam, ficou apreensiva e com vontade de sair correndo, mas não podia - as pessoas estava ali para escutá-la.
- É a vida e sua intrigante injustiça. - "Droga, não era para falar isso", ela se culpava pela frase mal-feita que acabara de pronunciar.
- Coitada, está muito abalada... Não está conseguindo nem raciocinar direito - comentava-se uns com os outros.
"Preciso falar mais alguma coisa, eles estão esperando", Fernanda esboçou um pequeno discurso mentalmente.
- Prezados amigos e amigas, sei que estão aqui pela mesma razão que eu estou, e por isso dói muito. Nesta tarda cinza com garoa viemos aqui para homenagear uma das pessoas mais honrosas que eu já conheci: meu pai.
Ela fechou os olhos tentando achar forças para as próximas palavras; uma lágrima se cristalizou na bochecha rosada da pobre garota de dezessete anos.
- Meu pai fez o seu melhor sempre e, com muito amor, contruiu uma família. Hoje, quero agradecê-lo pelo seu esforço. Obrigado pai.
Se ajoelhou ao lado caixão posto no meio da sala, orou silenciosamente algo que ninguém escutou e chorou toda a sua tristeza. Um arrepio percorreu sua pele - era o frio daquela manhã de Julho, mas ela desejou que fosse seu pai a segurando no colo para sempre. Era uma sensação que ela nunca esperou sentir.
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